Mesmo sem ter um versículo bíblico proibindo a prática, a
maioria condena, dizendo que o vale-tudo não condiz com os princípios do
cristianismo.
O MMA (Artes marciais mistas) é hoje uma das modalidades
esportivas que mais cresce no mundo e também no Brasil, que por sinal possui os
melhores lutadores do esporte. Com o crescimento do MMA, também vieram as
criticas a modalidade, que chegou a ser banida de alguns estados nos EUA por
ser muito violenta. No final de semana passado, foi realizado no Brasil o maior
evento deste esporte, o UFC Rio que lotou o HSBC Arena e foi um sucesso segundo
seus organizadores.
Um dos maiores lutadores do UFC é Vitor Belfort, que na
maioria de suas lutas agradece a Deus após vitórias e usa o calção com o nome
Jesus escrito. Declaradamente cristão, Belfort explicou em recente entrevista a ligação entre a religião e a luta dizendo que
o que ele faz no octógono não é uma briga, e sim uma competição.
Além de Vitor que desta vez apenas comentou as lutas, outro
atleta cristão estava no UFC, o estreante capixaba Erick Silva, que a exemplo
de Belfort, entrou com o nome Jesus escrito no calção e tem como um de seus
apoiadores o Senador evangélico Magno Malta.
Diante desta relação, o portal Gospel Prime procurou
pastores e teólogos para saber o que eles pensam deste esporte. Um cristão pode
praticar tal esporte? É licito ao crente em Jesus assisti-los?
“Eu não vejo embasamento bíblico favorável, mas também não
vejo o contrário”, disse o pastor Ariovaldo Júnior, do Manifesto Missões
Urbanas. Ele acredita que a prática hoje é mais esportiva e ”não tem
mais nada a ver com os vale-tudo onde havia graça em esmurrar o outro além das
condições humanas”.
Biblicamente falando, Ariovaldo Júnior diz que não há menções
que condenem o esporte. “Eu gosto do UFC por celebrar um esporte que ainda não
tem influências do feminismo. O feminismo determina tudo hoje em dia, até o
nosso modelo de ‘cristão ideal’ está mais pra figura de uma mulher do que pra
um homem de verdade. A propósito, lutas de diversos tipos foram contemporâneas
de Jesus e de Paulo (que viveu inclusive em Roma), porém não vemos nenhuma
recomendação contrária à prática esportiva”, diz o pastor do Ministério Sal da
Terra em Uberlândia – MG.
Violência e cristianismo
Já o pastor Geremias do Couto, da Assembleia
de Deus, considera o esporte inadequado para o cristão. “Respeito quem
participa e assiste (a tentação é grande!), mas a violência que o caracteriza
conflita com os princípios de vida do Cristianismo. Há outros esportes
saudáveis que podem muito bem atender a nossa necessidade de entretenimento e,
sobretudo, de cuidados físicos.”
Couto diz que pode sustentar seu posicionamento lembrando de
versículos como o de Gálatas 5 que fala sobre a temperança, assim como quando
Paulo fala que tudo nos é licito, mas nem tudo nos convém. “Sei que no caso
desse esporte não se trata de uma agressão gratuita, por vingança ou por
maldade mesmo, mas de qualquer modo é uma forma de agressão consentida. Alguém
vai sair arrebentado”, diz o pastor assembleiano.
“Aquilo é selvageria”, disse o teólogo Rodrigo Weronka, ele
não concorda que um cristão deva participar ou assistir esse tipo de
competição. “Como chamar de esporte um negócio que visa arrebentar o
oponente?”, questiona.
Weronka fala sobre a diferença entre esportes perigosos como
a Fórmula 1, e esportes “brutos” como ele classifica o MMA. “Uns podem dizer
que na F1 o carro pode matar o piloto, mas na F1 o objetivo não é esse. E no
vale-tudo, o ‘vale tudo’ é vencer o oponente, massacrando o cara”, disse.
Ele também não utiliza nenhum fundamento bíblico para basear
suas convicções, apenas diz que a prática não condiz com os valores passados
pela Palavra de Deus. “Não consigo aceitar uma brutalidade como o vale-tudo
como esporte ou mesmo como algo para entretenimento cristão. Mas é claro que
não tem um verso ‘não lutarás MMA’, isso é uma questão contemporânea. Deduzo
pelos parâmetros bíblicos do amor ao próximo que arrebentar a cabeça de um ser
humano, criado por Deus, por ‘esporte’ é ridículo”.
Princípios bíblicos
Geremias do Couto também fala que o esporte em questão foge
dos princípios bíblicos. “Biblia não trabalha simplesmente com regras. Ela
trabalha com princípios, que devem ser aplicados nas mais diferentes
circunstâncias. Há muitas outras coisas das quais a Bíblia não fala de forma
explícita, mas por causa dos princípios que ela nos oferece podemos fazer bem
as nossas escolhas e evitar aquilo que não glorifica a Deus. Paulo escreveu:
“Quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a
glória de Deus”, 1 Coríntios 10.31. A grande pergunta é: esse esporte glorifica
a Deus?”
O mantenedor do portal apologético NAPEC vai mais
longe: ”Pergunte a um cristão se uma tourada é um esporte bacana.
Não, dirão em coro! Judiar do pobre animal não é certo. E a caça esportiva? não
é certo!. Então seria ético arrebentar outro ser humano numa competição
esportiva?”
Vale-tudo na Igreja
Weronka também critica a prática de lutas dentro da igreja,
como acontece na Igreja Renascer, que chegou a ser notícia no canal NatGeo
(National Geographic) por montar um ringue dentro da igreja e promover a luta
como “forma de evangelismo”.
“Uns dizem que o vale-tudo pode ser uma estratégia de evangelismo,
então “vale tudo” para ter os jovens ali?” questiona Weronka que não concorda
com o fato de uma igreja evangélica apoiar esse tipo de esporte.
“Sob a desculpa pragmática dos ‘fins justificam os meios’ a
igreja vai ficando com a cara do mundo. E se a igreja deve ficar assim, prefiro
ser um esquisito e manter a ortodoxia bíblica”, critica o teólogo.
Fonte: Gospel
Prime
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- Outros detalhes no Blog do Ciro em Quer saber o que penso sobre o MMA? Lá você vai ver algumas imagens e um vídeo que vão lhe ajudar a formar uma opinião sobre ese assunto.